Trabalho 3 a
A importância da pulsão como um dos conceitos fundamentais da Psicanálise.
Por: William Silva
A pulsão em Freud tem quatro características fundamentais: a origem, a pressão, o objeto e o alvo. O alvo da pulsão é sempre, em todos os casos, a satisfação, a descarga da tensão ou a sua redução. A pulsão é fundamentalmente uma reivindicação permanente de satisfação, diríamos com Lacan que se trata de uma exigência constante e a todo o custo de gozo; de tal modo que o meio, o objeto da pulsão, poderá ser muito diverso. O que significa que, ao nível pulsional, é a satisfação, o gozo.
“A ‘pulsão’ se nos apresenta como um conceito-limite entre anímicos e somático,como representante psíquico dos estímulos provenientes do interior do corpo e que logram chegar à alma, como uma medida de exigência de trabalho que é imposta à alma em resultado da sua coesão com o corpo” (1915c)
Por isso, a pulsão <Trieb> em Freud é algo já muito distante do conceito de instinto <Instinkt>, está, portanto para além do biológico; por outras palavras, o estímulo pulsional nunca age como uma força de impacte momentâneo <momentânea Stoßkraft>, age por impacte constante <konstante Kraft>. Mas a pulsão é também algo já articulado, tem uma gramática cuja matriz é o fantasma; por exemplo, no registro do olhar, temos ver, ser visto, fazer-se ver (vozes ativas, passivas e médias). As exteriorizações da pulsão pertencem a diversas realidades das quais a conceitualização de ato procura dar conta. A tarefa nada fácil, que exige um longo e minucioso caminho pelos corredores conceituais de Freud e Lacan.
Em Além do Princípio de Prazer (1920) consta que o princípio de prazer não rege todo o funcionamento mental, foi ai onde Freud deu maior amplitude ao conceito de pulsão. Nesse momento do seu pensamento, a teoria desarticulou o princípio de prazer do processo primário do funcionamento psíquico. No processo primário não há ligação de energia, mas apenas o espaço pulsional, espaço de energia livre que pressiona constantemente por descarga, que nada mais é do que excitação. É a linguagem, como princípio de ligação, que torna possível o processo secundário e que permite a instauração do princípio de prazer.
Buscamos expressar a falta de um Objeto que nunca será encontrado, pois não pode ser significado-traduzido-representado.
É o objeto perdido que instaura a repetição. É a perda do objeto que é condição para que surja o sujeito, e para que haja distinção entre o que é representado e o que realmente existe. A delimitação de fronteiras de um espaço como subjetivo é que, o que se apresenta à percepção não é idêntico à representação ativada pelo desejo. O objeto perdido está fora do campo da representação. Tanto Freud quanto Lacan definiram as coisas, ou a Coisa, respectivamente, como resíduos que escapam de serem julgados e nomeados, e ao mesmo tempo, constituem condição para a representação.
A Coisa tem papel de bússola nos caminhos pelos quais se procura reencontrar o objeto. Então, todos os objetos aos quais a pulsão se articula representam a Coisa, mas nunca são a Coisa. Ela é incognoscível, mas é ela que dirige a escolha dos objetos. Forma um campo de força que move o sujeito sob um aspecto de impessoalidade, que o destrona de uma suposta autonomia. O sujeito, sempre buscando algo que não sabe, que julga encontrar e querendo já outra coisa, está compreendido pela idéia lacaniana de que a função sujeito é a de suporte da repetição.
Em Alem do principio do prazer (1920) Freud estabelece seu conceito de pulsa de morte em oposição à pulsão de vida “Uma pulsão é um impulso inerente à vida orgânica, a restaurar um estado anterior de coisas, impulso que a entidade viva foi obrigada a abandonar sob a pressão de forças perturbadoras externas, ou seja, é uma espécie de elasticidade orgânica, ou para dizê-lo de outro modo, a expressão da inércia inerente à vida orgânica” (p. 47).
A partir daí, Freud verifica a existência da pulsão de morte. Surge então, uma nova concepção de pulsão e, com ela, uma nova teoria. As pulsões de vida e de morte (não mais ego x sexuais) passam a dirigir o funcionamento psíquico. Ele evidencia que as pulsões de morte se opõem às pulsões de vida. As primeiras exercem pressão no sentido da morte, da volta a um estado inorgânico e as últimas no sentido de um prolongamento da vida, numa tendência à formação de unidades maiores.
Freud relata, então, que a vida tem uma natureza conservadora “não conhece exceção o fato de tudo o que vive morrer por razões internas, tornar-se mais uma vez inorgânico, seremos então compelidos a dizer que o ‘objetivo de toda vida é a morte’”.(1920).
Lacan afirma no Seminário 11, em a “Desmontagem da pulsão” (1964, p.153), que a finalidade e função da pulsão é a sua satisfação, ou seja, chegar ao seu alvo. O trajeto da pulsão é um contorno do objeto e retorno a seu ponto de origem, o que a prepara para reativar a sua fonte e iniciar um novo trajeto. O alvo pulsional é impossível de ser atingido de maneira direta por motivos estruturais.
FONTES
Lacan, Jacques . O Seminário. Livro 11: Os quatro conceitos fundamentais de psicanálise. Trad. M. D. Magno. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985
Para Ler O Seminário 11 de Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 1997.
FREUD, Sigmund. Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental (1911). v .XII. In.: Edição standard brasileira das obras psicológicas compltas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, Sigmund. A pulsão e suas vicissitudes (1915). v. XIV. In.: ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, Sigmund. Além do princípio do prazer (1920). v. XVIII. In.: ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, Sigmund. O ego e o id (1923). v. XIX. In.: ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, Sigmund. O problema econômico do masoquismo (1924). v. XIX In.: ESB. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, Sigmund. Esboço de psicanálise (1940[1938]. v. XXIII. In.: ESB. Rio de