sexta-feira, 30 de outubro de 2009

VERSÃO COMPLETA - TESE.doc

 

WILLIAN SILVA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTEGRATIVIDADE UMA CONQUISTA DO ANALISTA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  SÃO PAULO

2009

 

WILLIAN SILVA

 

 

 

 

 

 

 

INTEGRATIVIDADE UMA CONQUISTA DO ANALISTA

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                  

Tese apresentada ao Curso de Mestrado em Psicanálise , da Faculdade de Educação Teológica de São Paulo, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Psicanálise

 

 

 

 

 

 

SÃO PAULO

2009

 

DEDICÁTÓRIA

 

 

Este trabalho é dedicado à minha família, que sempre esteve ao meu lado, sendo meu verdadeiro alicerce. 

Dedico especialmente a Professora Maria de Fátima Mora, idealizadora e presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa (SBPI), a quem devo meu primeiro contato com a terapia pessoal e conseqüentemente a descoberta da psicanálise e do desejo de dedicar-me  aos estudos e a clinica analítica

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                             

AGRADECIMENTO

 

Devo agradecer tudo que tenho e sou a Deus, foi a ele que recorri diversas vezes nos momentos de dificuldade e nas faltas de inspiração. É então a Ele que rendo jubilo. Foi na Palavra que me abriguei e nos braços Dele que chorei.

Deus me deu o tempo, e muitas vezes não aproveitei, me deu informação, e não aprendi como devia. Mesmo assim, Ele não me abandonou, nandou-me os companheiros que em  nome Dele me ampararam e sustentaram nas minhas fraquezas e necessidades.

Mandou-me uma mãe maravilhosa, Noêmia, que sempre acreditou em mim, foi ela que na minha infância disse: “você pode ser o que você quiser, seja bom e amável...,  estude muito..., Papai do Céu te abençoará com aquilo que você merece, então mereça!”. Obrigado por estes ensinamentos, “te amo”.

Meu Pai Wanderley, está no céu, foi dele que aprendi prudência e insistência.”O seguro morreu de velho”. 

Meus irmãos Wilson e Wagner que  me acompanharam em todos os momentos, sempre acreditaram que minha impetuosidade poderia virar um dia em algo de útil.

Ariadna minha amada esposa que me apóia em tudo, emocional e financeiramente, ela acreditou que eu podia cumprir minha promessa dos tempos de namoro “ ser um dia Pós-graduado, psicanalisado e rico” (este último ainda não consegui, tenha paciência!).

Meus filhos João, Tânia e Silvia, além de serem meus filhos, são meus amigos e o combustível da minha caminhada, eles tiveram paciência de me agüentar trancado no escritório, resolveram questões para evitar me aborrecer, agüentaram meu mau humor etc.

Minhas colegas de trabalho, Ana Maria que muito me ajudou com seus conselhos sempre precisos, teve disposição de ler e corrigir  uma infinidade de vezes o mesmo texto, e a  Euneida que me trouxe matérias, livros e textos que foram imprescindíveis para construção deste tema.

A minha filha Mariana, que apesar de ter apenas 4 anos, soube como ninguém  tirar as rugas e as linhas de expressão de seriedade do meu rosto nos momentos de maior peso.

 

      

 

RESUMO

 

 

 

O presente trabalho tem como principal objetivo realizar uma analise bibliográfica a respeito da integratividade ressaltando assim, seus principais pontos. A integratividade é por tanto única e exclusivamente um atributo ou uma conquista do analista em favor do sucesso da análise e da clinica moderna. Integratividade não é de maneira nenhuma a mistura de varias teorias psicanalíticas muito menos a redução das diferentes escolas de psicanálise. Na verdade é o casamento de técnicas interpretativas e/ou cientificas. Digo casamento por se tratar de duas ou mais técnicas agindo em conjunto integradas se apoiando e se completando sem com isso perder sua individualidade e características pertinentes.

Não se trata aqui de um reducionismo de técnica ou a mistura delas, mais a utilização de forma clara, desta e daquela  em momentos diferentes durante o processo analitico, a fim de ajustar a interpretação do analista ao entendimento do analisado. É o entendimento da interpretação, ou seja, a tomada de consciência da origem do sintoma que em ultima instancia opera o equilíbrio da ação, e consequentemente o desaparecimento do sintoma, e assim abre uma nova porta para vivencias, experiências de vida sem a  influencia dor neurotica que limita e engana.

 

 

Palavras chave:  integratividade; Interpretação; Analise;

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.SUMÁRIO

 

INTRODUÇÃO             

 

1. O Paciente.             

07

2. Formação do Analista              0

10

3. As Escolas             

14

3.1 Sigmund Freud             

14

3.2 Jacquès Marie Lacan             

17

3.3 Carl Gustav Jung             

23

3.4 Wilhelm Reich             

26

3.5 Wilfred Ruprecht Bion               0

28

4. Integratividade              

36

 

 

CONCLUSÃO             

43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS             

46

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

Integratividade não é de maneira nenhuma a mistura de varias teorias psicanalíticas muito menos a redução das diferentes escolas de psicanálise. Na verdade é o casamento de técnicas interpretativas e/ou cientificas. Digo casamento por se tratar de duas ou mais técnicas agindo em conjunto integradas se apoiando e se completando sem com isso perder sua individualidade e características pertinentes. Não se trata aqui de um reducionismo de técnica ou a mistura delas, mais a utilização de forma clara, desta e daquela  em momentos diferentes durante o processo analitico, a fim de ajustar a interpretação do analista ao entendimento do analisado. É o entendimento da interpretação, ou seja, a tomada de consciência da origem do sintoma que em ultima instancia opera o equilíbrio da ação, e consequentemente o desaparecimento do sintoma, e assim abre uma nova porta para vivencias, experiências de vida sem a  influencia dor neurotica que limita e engana.

A integratividade é por tanto única e exclusivamente um atributo ou uma conquista do analista em favor do sucesso da análise e da clinica moderna.

O analista integrativo deve conhecer tecnicamente e clinicamente as teorias a serem utilizadas, por tanto ter vivenciado cada uma delas em sua terapia pessoal, estudo teórico e supervisão clinica. Desta maneira não correremos o risco de um ecletismo sem fundamentação, que levaria sem dúvida a um reducionismo técnico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1. O Paciente

 

Na vivência clinica é cada vez mais difícil encontrar os casos clássicos puros no seu  diagnostico, pois o mundo é outro,  por tanto suas exigências são outras, muito diferentes das dos séculos passados de onde se deu origem a técnica analitica. Isso não significa os casos clássicos não existam ou que elas sejam outros, mais que eles estão compostos de novos fatores que se agregam aos classicos.

Chega a Clinica Psicanalítica procurando ajuda para o alivio dos seus sintomas um tipo de cliente parecido com o mundo moderno, o mundo Globalizado, manifestando a ansiedade da globalização onde tempo é dinheiro, e o que pensava que sabia  algo é substituído, engolido, por outro que sabe uma virgula a mais. As descobertas e as teorias não param de invadir-nos através de todos os tipos de meio de comunicação, a propaganda diz que temos que ter cada vez mais coisas para sermos valorizados, o RH das empresas exige saber cada vez mais para aprovar o candidato. A informação é globalizada, o tempo é globalizado, a vida está globalizada, neste mundo resta muito menos tempo para o EU o auto-conhecimento, isso tudo nos remete a tentativa desenfreada e impossível de transformar Eu em Nós. Assim como os antropófagos comiam o coração e fígado do inimigo, ou lhe tiravam o escalpo a fim de internalizar seu conhecimento e sua coragem, o neurótico globalizado temendo ser engolido pelo grande globalizador, passa assim a engolir o outro, desqualificando e exigindo mais, transformando-se naquilo que mais teme.

Em face desta demanda, o cliente que chega a clinica busca o alivio do sintoma, do mal estar, busca dar um sentido a tudo que se espera ou se quer dele. E ele quer isso agora, não tem tempo a perder.

Cada vez dedicamos menos tempo para olhar, sentir, decifrar o desejo, buscar o gozo. As vontades verdadeiras são trocadas através de recursos de marketing por vontades impostas e pseudas necessidades de um mundo idealizado, irreal, buscando reconhecimento, fama, sucesso ,dinheiro e vice-versa. Porem, a pergunta que chega mais cedo ou mais tarde é: “E Daí?” o que fazer com tudo isso se nada da contentamento, se a satisfação mesmo que momentânea é cada vez mais rara. Como no efeito das drogas as conquistas apesar de importantes deixam de dar o prazer esperado, o que resta é repetir pois não há tempo de elaborar para concluir, assim buscar mais coisas sem real sentido  este é o paliativo para esta  angustia dominante.

Diante do quadro de stress deste mundo descrito, o paciente não julga ter tempo para se ver, para se conhecer, ele quer alguma coisa pronta, alguém que diga o que e como fazer, alguém que seja um GURU, que em um momento transforme angustia em prazer. Um comprimido, palavra, mágica ou algo que o valha, deis de que ele se sinta feliz.

Este paciente quer ser feliz, porem não tem a menor idéia do que significa felicidade para ele, quando questionado, narra felicidade segundo a padrões pré-estabelecidos, impessoal.

Neste contexto, em que as constantes novidades e transformações demandam do sujeito uma rápida assimilação, as experiências parecem ser naturalmente transitórias, a fugacidade das sensações separa presente e passado, o sujeito e sua história; não há espaço para  significação do vivido, as demandas do mundo passam a ser simplesmente acolhidas, sem espaço para reflexão e produção de um sentido. A fragmentação e a virtualização das experiências são aspectos de um mundo em que a dimensão espaço-tempo é relativa, ou seja, mutável. Neste mundo mutante, provisório, parece não haver espaço para a  elaboração dos desejos. Sobre o assunto Najmanovich afirma que:

As exigências e mutações que desenham nosso habitat atual implicam na produção de novas e diversas formas de ser-agir. A subjetividade compreendida como as particularidades do sujeito tecidas em sua relação com o mundo, está permeada pelo contexto bio-sócio-político-econômico-cultural-tecnológico. Na forma de um fluxo em contínuo devir, a subjetividade desenha diferentes e criativas paisagens que já não correspondem a imagem do sujeito moderno, portador de uma essência naturalmente estática[1].

 

Segundo Morin, “a multiplicidade de interações, regressões e reorganizações que constituem o humano e sua subjetividade não podem ser abordadas dentro de um referencial linear. O pensamento complexo é o exercício de uma razão que dialoga com a multidimensionalidade do humano, enquanto ser bio-antropo-psico-social e com as relações que compõem o real, incluindo o continuum ordem-desordem” [2].

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2. Formação do Analista

 

 A “formação do analista se quer permanente”, isto se deve à especificidade da função analista que não se garante em títulos nem nomeações, mas no saber que lhe é próprio, no desejo que  a sustenta, no ato que dela se espera, na destituição subjetiva  que implica e supõe, na responsabilidade ética que lhe concerne e, principalmente, na opção de exercê-la, enquanto ofício, por parte de quem chegue a poder e querer encarná-la, o que não acontece por acaso.

  Diz Freud, ao discutir a questão da análise leiga: "O que exijo é que não possa exercer a psicanálise alguém que não tenha conquistado por meio de uma determinada preparação, o direito a uma tal atividade" [3]. 

 Freud situa a psicanálise como:

a) Método de investigação dos processos anímicos;

b) Um método terapêutico;

c) Uma série de conhecimento assim adquiridos que formam o corpus teórico de uma nova ciência[4].  

 A afirmação de Lacan no Seminário 11, “A Psicanálise é uma práxis orientada para aquilo que  no coração da experiência é o núcleo do rea. O analista só se autoriza por si mesmo: O saber é o da Docta Ignorância. O  psicanalista deve saber ignorar o que sabe[5]. Lacan afirma ainda que, salvo este, qualquer outro é posto em reserva, pois é do saber inconsciente que se trata. Segundo o autor (op. cit): “Mas espera-se que ele tenha muitos saberes a serem ignorados, desde que é exigência para quem venha exercer este ofício de que não seja um iletrado, de preferência  tenha até muitos conhecimentos”.

Este requisito remonta aos tempos de Freud, como atestam as ”Atas da Sociedade Psicológica das quartas-feiras”. 

Falar sobre a técnica psicanalítica é envolver a pessoa do analista na técnica,  e portanto, temos que referir-nos a ele e aos problemas que lhe traz sua função. 

 Lembro-me de uma frase que ficou marcada  que infelizmente não me recordo do autor O analista começa a ser burilado da matéria bruta  fruto do fim  da terapia pessoal”.

 Já sabemos que a função básica do analista é criar no paciente a possibilidade de tornar consciente o recalcado, apagado, suprimido. A discórdia da personalidade é provocada pela não aceitação de suas partes pela consciência, o que constitui a causa final de todas as perturbações psicológicas. Captar ou intuir o inconsciente do paciente, seus impulsos, resistências e transferências de inconscientes e assim compreender suas situações de conflito é a primeira das tarefas fundamentais do analista. Esta "captação”   processa-se através do próprio inconsciente,  “só o igual pode conhecer o igual", ou seja, só se pode conhecer no outro o que é próprio em nós . Mais precisamente, só se pode captar o inconsciente do outro na medida em que a própria consciência está aberta aos próprios instintos, sentimentos e fantasias,   è claro que existe na captação do inconsciente do outro caso em que a consciência do analista se fecha à percepção do mesmo conteúdo que é próprio , e ainda mais, às vezes percebe-se no outro justamente algo que dentro de nós é rejeitado. Mas esta espécie de "captação"  é, em especial, a conhecida captação do paranóico,  através da qual intuem-se efetivamente certas tendências inconscientes no outro, esta captação não serve realmente de modo construtivo ao analista, porque implica a mesma rejeição que esta parte dele sofreu, e porque distorce o percebido, convertendo o grão de areia em montanha e a montanha em grão de areia. O analista só pode captar no outro  aquilo que já aceitou dentro de si como próprio, é o que  pode ser reconhecido no outro sem angústia nem rejeição.  

É importante então que o analista esteja consciente de seu próprio inconsciente. Este fato torna necessário o analista ser analisado para estar em condições de analisar o outro. E a isto se acrescenta outro fato.

O trabalho do paciente de vencer suas resistências e admitir em sua consciência os complexos instintivos e emocionais do seu passado sofre a interferência do fenômeno da transferência.  Freud um dia descobre que também o trabalho do analista sofre interferência de fenômenos parecidos, que também no analista surgem impulsos e sentimentos para o paciente, alheios à sua função de compreender e interpretar a resistência e os complexos infantis do paciente. Freud chama este fenômeno de contratransferência, uma vez que constitui o equivalente da transferência, e assinala a importância de conhecê-la e dominá-la para que não perturbe o trabalho de análise. A contratransferência constitui, portanto, o outro fato que torna necessário o analista ser analisado antes de começar seu trabalho com os pacientes. 

Para tanto, no mais além da análise pessoal e do aprofundamento teórico,   necessitamos de lugares de avanço conceitual que preservem o vigor analítico. Este não prescinde da afirmação freudiana (1912) de que pesquisa e tratamento caminham juntos em psicanálise, são inseparáveis, pois sua dissociação implica de imediato o desmantelamento do discurso analítico. 

Embora a supervisão ocupe um papel relevante na formação analítica, lembro de alguém dizendo que  a psicanálise se pratica sem rede debaixo. Existem várias posições a respeito do assunto, acredito na supervisão como um espaço de interlocução com um outro analista onde não se visa imprimir um modelo de trabalho, mas permitir que o analista continue a se interrogar sobre sua prática.  

A formação analítica é, portanto interminável visando as  experiências e vivencias dentro das mais variadas técnicas e escolas (terapia individual, estudo técnico e supervisão clinica), alferem ao analista maior possibilidade de se integrar a forma de entendimento de seu cliente alvo de toda atividade analítica.

 

 

 

 

 

 

 

 

3. As Escolas

 

 As  escolas que estamos nos referindo  aqui aparecerão representadas pelos respectivos  fundadores :

1)  Sigmund Freud  -   Escola Freudiana;

2)  Jacques Lacan   -  Escola Lacaniana;

3)  Carl Gustav Jung - Escola Junguiana;

4)  Wilhelm Reich   -   Escola Reichiana;

5)   Melanie Klein   -   Escola Kleiniana Teóricos das Relações Objetais como referencia a  Bion.     

 Destaco a importância de esclarecer que as Escolas psicanalíticas são varias. Eu cometeria uma injustiça em não destacar outras escolas  e autores como por exemplo a Psicologia do Ego (Hartman e M. Mahler) ou  Psicologia do Self (Kohut), autores como Anna Freud, Ferenczi e tantos outros, porem refiro-me neste trabalho apenas as que a mim  em particular foram vividas de forma integral como paciente,  aluno e em experiências clinicas como profissional.

Apesar de ter uma vivencia e conhecimento técnico das escolas  citadas a cima, tenho particular simpatia e intimidade clinica com a Escola Lacaniana e com as teorias de Bion, é lógico que nada disso seria possível sem a  pioneira Escola Freudiana.

Seria sem propósito neste trabalho citar com detalhes todas as teorias defendidas por cada uma das Escolas , não pretendo fazer uma síntese fiel de cada escola e sim humildemente ressaltar meu conhecimento  delas como, didata, estudioso  teórico, vivencias em terapias pessoal, supervisão e na prática clinica

 

3.1 Sigmund Freud

 

A doutrina psicanalítica foi criada no final do século XIX pelo médico austríaco Sigmund Freud, cuja preocupação inicial foi a de descobrir como diminuir o sofrimento causado pelos distúrbios emocionais. Em lugar de aceitar que se devia amortecer esse sofrimento mediante a prescrição de remédios, procurou descobrir quais fenômenos estavam a causando. Concluiu que o desejo era o que estava encoberto, e constatou também que a manifestação dessa verdade provocava efeitos positivos sobre os sintomas, principalmente sobre o sofrimento, cuja causa é o desconhecimento do desejo. Ou seja, a revelação do desejo reprimido eliminava o sofrimento.

Baseado nas investigações de Josef Breuer, bem como nas de Jean Martin Charcot e Pierre-Marie-Félix Janet, sobre a aplicação de catarse hipnótica em pacientes com traumas psíquicos , Freud supôs que o sintoma histérico poderia ser o substitutivo de um ato mental omitido ou uma reminiscência da ocasião em que o mesmo fora praticado. Apesar dos excelentes resultado advindo da terapêutica pela catarse hipnótica, rejeitou a inevitável relação de dominação estabelecida entre médico e paciente por essa técnica e, após amplas investigações, substituiu a hipnose por um método de livre associação de idéias, feita espontaneamente pelo paciente em estado de vigília. Com isso, estavam lançadas as bases da psicanálise.

 

Aparelho Psíquico

 

Foi a partir de seus estudos e observações que Freud propôs então a Estrutura do Aparelho Psíquico, esta estrutura revolucionou a forma de se pensar no funcionamento da psique e na origem então dos pensamentos e sofrimentos humanos. A teoria de Freud centraliza-se na idéia do conflito.

Freud distingue três regiões na estrutura do psiquismo, que não correspondem a zonas estritamente delimitadas: a consciente, a pré-consciente e a inconsciente. 

Entre 1895 e 1899 Freud esteve profundamente envolvido na preparação do seu  estudo A interpretação dos sonhos, publicado em 1900, e geralmente considerado sua obra principal, em parte análise de sonhos, autobiografia, teoria da mente, e lances da vida vienense contemporânea. Nele fala do mecanismo de "condensação" (uma fusão de uma pessoa em outra), "deslocamento" (deslocamento de uma pessoa), e elaboração secundaria (o detalhamento minucioso do tema onírico) e discute o conteúdo latente dos sonhos, além de explicar como representam a realização dos desejos, e descreve o complexo de Édipo e fala da importância da vida infantil no condicionamento da vida do adulto. O sétimo capítulo tem a exposição da teoria da mente de Freud. O princípio ativo do seu modelo da mente é a "inércia neurônica" ou princípio de constância, de acordo com o qual a mente trabalha no sentido da redução de qualquer tensão proveniente do acúmulo de "energia," que ora considerava ser sexual, ora psíquica. Não seria exatamente eliminar as tensões, mas manter um ótimo de tensão que tende ao nível mais baixo.

 Em 1923, propôs um esquema representativo do conflito, no qual distinguiu  as instâncias  ego,  superego e  id. O id seria a zona dos impulsos instintivos; o ego, ou seja, a porção mais superficial do id, estaria sujeito a modificações por influência do meio exterior; e o superego, que domina o ego e representa a inibição dos instintos. Assim, a camada mais externa do ego agiria no plano consciente, enquanto as zonas profundas do id permaneceriam mergulhadas na inconsciência.

 

 As Neuroses

 

O estudo das neuroses envolve dois aspectos básicos: o etiológico e o terapêutico. Sobre o aspecto etiológico, ou seja, das causas das neuroses, Freud enfatizou as determinações de ordem psicológica, embora os fatores somáticos sejam reconhecidos em certos tipos de neuroses, especialmente as ditas atuais ou narcísicas. Considerou também que os fatores genéticos podem predispor as perturbações do comportamento.

Do ponto de vista terapêutico, a psicanálise interessa-se em remover as causas que determinam os sintomas. Visa ao desrecalcamento e à interpretação.

O desrecalcamento realiza-se pela revivência e não por meio da simples rememoração das experiências traumáticas.

As dificuldades que se observam no processamento do desrecalque  levaram ao fenômeno da resistência.

 As experiências penosas e inaceitáveis sofrem um processo de repressão por parte dos escrúpulos e temores éticos, e são relegadas a áreas marginais e obscuras da consciência.

Essas experiências recalcadas tentam exteriorizar-se, mas as forças conscientes não o permitem e estabelecem uma rigorosa censura sobre o que pode e o que não pode aflorar à consciência. Esse mecanismo denomina-se resistência.

Os impulsos instintivos reprimidos conseguem, em muitos casos, burlar a censura por um processo de disfarce eles se travestem, como por exemplo, um sintoma neurótico que o substitui ou simboliza. Para a interpretação na neurose, portanto, o que se propõe é a descoberta do que está reprimido e se manifesta por intermédio do sintoma neurótico.

 Freud classificou as neuroses em dois grupos: as atuais ou narcísicas e as transferências ou psiconeurose. As primeiras se caracterizam pelo caráter somático. Como não são determinados por fatores psíquicos, seus sintomas não comportariam interpretação, pois não teriam significado. A neurastenia, a neurose de angústia e a hipocondria constituem os três tipos de neuroses atuais ou narcísicas. As neuroses transferências podem ser significativas e curáveis pela técnica terapêutica da psicanálise. Caracterizam-se estas neuroses transferências por serem produzidas psicologicamente em função das experiências infantis e por serem significativas, isto é, por serem a manifestação de desejos recalcados. Suas formas são a histeria, a neurose de ansiedade e a neurose obsessiva.

 Freud conduziu com muito rigor suas idéias, isso levou a muitos de seus  alunos descordassem dele e da forma que ele conduzia a psicanálise, provocando assim varias dissidências.  

 

3.2 Jacquès Marie Lacan

 

Fábulas, trocadilhos ao infinito, incompreensível, rebuscado, estes foram alguns adjetivos utilizados para definir Lacan. Ele usava uma linguagem admirável, que se pode aparentar difícil em sua extrema sofisticação, mas que era sempre perfeita em sua expressão. 

Lacan dizia que: “a transmissão analítica se assemelha a dos feiticeiros africanos e a dos bruxos e magos da terra; os mais jovens serão iniciados pelos mais velhos ( em conhecimento ); a psicanálise é uma das raras disciplinas em que se aprende a teoria juntamente com a prática "[6]. 

Ele conduziu com mãos seguras a psicanálise para o lado da linguagem e a fez passar por uma dura prova de iniciação, ao mesmo tempo em que resgatou como simplesmente "ciência psicanalítica" e não como uma parte de outra ciência : nisso realiza o grande desejo do seu mestre Freud. 

Sua  luta sempre foi por um retorno a Freud, fez disso sua bandeira "Tudo está em Freud, sem dúvida alguma" dizia Lacan.  

Um dos fundadores da Sociedade Psicanalítica da França não conseguiu o reconhecimento da Sociedade Psicanalítica Internacional. Teve como discípulos: Félix Gualttari, Françoise Dolto, Catherine Clement, entre outros. 

A proposta de Lacan era a reconstrução da psicanálise fundamentada na linguagem e no discurso. Dentro da psicanálise ele criou a psicanálise da linguagem, contudo esta segue a psicanálise clássica, a estabelecida por Freud que também  se guiava fundamentalmente na palavra.

O artigo “O Estádio do Espelho como formadora da Função do ‘eu” foi apresentado, em 1936, no Congresso internacional de psicanálise. 

 O termo “Estádio do Espelho” teria sido inventado por Henri Wallon, entretanto Lacan apresentou a sua forma. Ele apresenta iniciando com um mito e apóia-se na idéia de que o ser humano é um ser prematuro no nascimento com uma incoordenação motora constitutiva.

A idéia é que o bebê só conseguirá encontrar uma solução para este estado de desamparo por intermédio de uma “precipitação” pela qual ele “antecipará” o amadurecimento de seu próprio corpo, graças ao fato de que ele se projeta na imagem do outro (figura materna) que se encontra como que por milagre diante dele ou seja , ele vê e copia aquilo que registra. Essa precipitação na imagem do outro, é que leva o bebê sair da sua prematuração neonatal, sendo que este movimento de precipitação, neste outro, leva o bebê a uma alienação. O bebê tem (é obrigado) a se “alienar” para que se constitua um “sujeito”.

O “falo” (falus, falta) da mãe é completado com o nascimento do filho. A mãe deseja ter um filho (lhe dá um nome), engravida. Reconhece que seu filho é um ser humano e este chora porque está com fome e lhe dá o “Objeto seio” para a satisfação do bebê no prazer da oralidade (leite/alimento e a catexia da libido oral) passando o bebê da natureza (instinto-animal) para a cultura (pulsão-homem). Estabelece uma “linguagem” com o “simbólico” mãe. Este passa por um processo de “alienação” para se constituir como sujeito. Com o fim da fase oral (canibalesca 0 a 1,5 anos). O bebê antes do “Estádio do Espelho” (6 meses a 18 meses) não se vê como um corpo unificado, se sente como um corpo fragmentado. Sua mãe/seio faz parte dele e ela (mãe, “boca do jacaré”) sente como se ele (filho/falo) fosse parte dela.

Com o princípio prazer/desprazer verificamos que a energia é maior no desprazer, o bebê busca o prazer através do seio materno (leite e libido oral). Porém só quando o bebê perde o objeto do seu desejo (mãe/seio) é que ele verifica que sua mãe não faz parte do seu corpo e não é completa (completude). Esta perda/separação vem através do “Significante Nome do Pai” que são as leis e limitações naturais da vida (trabalho, individualidade, necessidades outras, etc.). Chamamos “boca do jacaré ou crocodilo” o desejo da mãe de possuir (comer, canibalizar) o seu filho como se fosse parte do seu corpo. Este desejo natural coloca o filho em uma situação de escolha definitiva : ou se torna independente pela falta da mãe, separado dela ou seja filho,  como efeito colateral da separação se tornar um “sujeito faltante”, ou então não se separa e é engolido pela “boca de jacaré” da mãe, e se torna um “altista” ou um doente mental, fragmentado sem unidade, dependente da mãe.

Quando a criança se torna uma psicótica a figura materna não o reconheceu como ser humano e não aconteceu a alienação com separação. Esta escolha, na verdade não é uma escolha. Lacan cita um relato da escolha que mostra esta situação, de uma ameaça de um ladrão onde ele pergunta : “Ou a bolsa ou a vida”. Na verdade não seria uma pergunta, seria uma escolha lógica e única: “Você perde a bolsa e ganha a vida” ou “Perde a bolsa e perde a vida”. O bebê na grande maioria das vezes escolhe ser um “sujeito faltante” ou um “sujeito neurótico normal”, todos nós.

A alienação tem o sentido de que o bebê não tem uma unificação, e ele constitui como sujeito devido ao resultado do efeito que esse outro (mãe) tem no bebê. Nessas condições, o bebê (eu, sujeito), é senão a imagem do outro. É no outro e pelo outro que aquilo que quero me é revelado. Meu desejo é o desejo do outro. Não sei nada de meu desejo, a não ser o que o outro me revela. De modo que o objeto de meu desejo é o objeto do desejo do outro. O desejo é, acima de tudo, uma seqüela dessa constituição do eu no outro. O “sujeito”, que define a alienação constitutiva do ser, no encontro com o espelho, verifica o “rapto” que esse outro opera nele. É no espelho que a criança vê seu corpo unificado, deixando de ser fragmentado. No espelho a criança vê que ele existe e não é o Outro (mãe), existindo duas pessoas distintas. Neste momento identifica a “falta”, a separação da mãe e a constituição do “sujeito faltante”.

No sujeito humano se produzem substituições de posição que fazem com que, a partir do momento em que começa a falar, o sujeito já não é como antes.

A teoria lacaniana fixa na fala suas principais bases teóricas:

S   significante   = expressão

Significado    = conteúdo

Esta é uma idéia que Lacan vai buscar nos linguistas  Saussure , Jakobson e Beneveniste . 

Significante = expressão, é a palavra que sai, ou que se expressa. Através da expressão chega-se ao conteúdo, a coisa que se   representa  =  Significado

 O discurso do paciente para Lacan é objeto e instrumento da psicanálise. O lado inconsciente é o que falta para o paciente, ex: a mudez histérica - a linguagem dela é não falar, o significante está na própria mudez que envolve o desejo. O sintoma é, de começo, o mutismo do sujeito, suposto falante, isso quer dizer que quando fico mudo, estou mostrando um sintoma.

Lacan, define “a metáfora e a metonímia como sentidos figurados, que se originam das operações de substituição (metáfora) e de combinação (metonímia) e estabelece as seguintes correspondências com Freud: a metáfora com a condensação e a metonímia com o deslocamento[7].

 

O Inconsciente

 

O inconsciente é como o discurso do outro, quando falo é o Outro eu, há um outro eu que fala. Quando falo é conscientemente eu, mas tenho um lado inconsciente que me é desconhecido, que é o Outro. 

Lacan diz que o inconsciente se estrutura como uma linguagem porque ele fala, e o que determina a neurose não é o inconsciente, mas o que falta à pessoa "o buraco" sendo . Dizia Lacan quando o cliente comete um ato falho, ele simboliza alguma coisa, o símbolo é o caminho que vai nos levar até a sua causa.

A inveja e a agressão em geral não seriam inatas e primárias, mas sim elas surgem quando é desafiado e frustrado o registro imaginário do sujeito (na sua crença onipotente de que ele tem uma fusão e posse da mãe).Para Lacan, a análise “ não deve ficar reduzida à mesquinharia exclusiva do mundo interno”.pelo contrário, o analista deve dar uma importância muito especial à palavra do paciente (que pode ser “cheia” ou “vazia”, de significados), assim mesmo ele também deve rastrear a “ cadeia de significantes” que está contida no conteúdo, forma e estrutura da “ linguagem”.

A forclusão (forma extrema de negação) impede a ruptura de fusão narcisista com o outro e, portanto, não se produz a capacidade para formar símbolos, nem o ingresso no registro simbólico, o que pode ser um dos determinantes da psicose.A identificação narcisista também fica seriamente ameaçada quando os outros (o analista, na situação analítica) querem sair do “ jogo narcisista” e daí resulta no estado colérico do sujeito assim frustrado.

A ausência do pai – no psiquismo da criança – comumente devido ao discurso denigridor da mãe, pode propiciar a formação de psicoses e perversão.

 

Técnicas

 

Lacan[8] modificou muitos dos critérios técnicos clássicos da psicanálise freudiana, sendo que os seguintes merecem ser destacados:

  1. Modificações no setting: Lacan propôs e aplicou uma modificação revolucionária e, no mínimo, altamente discutível nos dias atuais; é a que se refere ao tempo de duração da sessão. Ao invés de durar os habituais 50 ou 45 minutos, para o lacaniano esse tempo “ cronológico” foi substituído pelo “ tempo lógico”, que alude ao fato de que o importante é a sessão terminar quando se provoca na mente do analizado o “corte simbólico”, isso é, a passagem do plano “imaginário” – onde a palavra do paciente é “ vazia” e está a serviço de obstaculizar o acesso à vontade – para o plano do registro simbólico, onde a palavra deve ser “plena” e realmente a favor da comunicação e das verdades.
  2. Em relação à transferência, muitas vezes Lacan considera que não se instalará a transferência caso o analista interprete adequadamente. Ele chega a afirmar (1951) que a transferência do paciente resulta de uma resposta deste a uma atitude pré-conceituosa do psicanalista, sendo que o Lacan retoma esse aspecto em um trabalho posterior (1970-73) com o nome de “Sujeito Suposto Saber” (SSS) e que, como o nome indica, parte de um pressuposto que o analista sabe tudo aquilo que o paciente ignora.
  3. Quanto à contratransferência, Lacan não aceita a possibilidade de que a mesma possa constituir-se como um importante instrumento técnico.
  4. Em relação à interpretação, Lacan adverte que o uso sistemático de interpretação reducionista “aqui-agora” pode contribuir para uma fixação do paciente no registro imaginário, narcisista, com o risco de que ele se identifique com os desejos do analista. Na verdade, ele valoriza muito mais as interrupções que representam a castração, o corte simbólico, do que propriamente as interpretações clássicas.

 

3.3 Carl Gustav Jung

 

[...] O meu esforço consiste justamente em fantasiar junto com o paciente.

Pois não é pouca importância que dou à fantasia.[...] Toda obra humana é fruto da fantasia criativa.[...] A fantasia não erra , porque a sua ligação com a base instintual humana e animal é por demais profunda e íntima.[...] O poder da imaginação, com sua atividade criativa, liberta o homem da prisão da sua pequenez, do ser “só isso”, e o eleva ao estado lúdico. [...] O que viso é produzir algo de eficaz, é produzir um estado psíquico, em que meu paciente comece a fazer experiências com seu ser, um ser em que nada mais e definitivo nem irremediavelmente petrificado; é produzir um estado de fluidez, de trans- formação e de vir a ser[9],

 

Dentre todos os conceitos de Jung, como do inconsciente coletivo, foi a idéia de introversão e extroversão  a mais usada. Jung descobriu que cada indivíduo pode ser caracterizado como sendo primeiramente orientado para seu interior ou para o exterior, sendo que a energia dos introvertidos se dirige em direção a seu mundo interno, enquanto a energia do extrovertido é mais focalizada no mundo externo. 

Entretanto, ninguém é totalmente introvertido ou extrovertido. Algumas vezes a introversão é mais apropriada, em outras ocasiões a extroversão é mais adequada mas, as duas atitudes se excluem mutuamente, de forma que não se pode manter ambas ao mesmo tempo. Também enfatizava que nenhuma das duas é melhor que a outra. O ideal para o ser humano é ser flexível, capaz de adotar qualquer dessas atitudes quando for apropriado, operar em equilíbrio entre as duas.

Jung identificou quatro funções psicológicas que chamou de fundamentais: pensamento, sentimento, sensação e intuição. E cada uma dessas funções pode ser experienciada tanto de maneira introvertida quanto extrovertida.

O Inconsciente Coletivo também foi uma das grandes conceituações de Jung, segundo o autor:

Trata-se então de uma transmissão de conhecimentos dos nossos antepassados a nós a fim de não termos que aprender outra vez algo que poderia nos colocar em risco. O inconsciente coletivo então varia de acordo com a raça e a cultura de um povo. Dentro do Inconsciente Coletivo  existem, segundo Jung, estruturas psíquicas ou Arquétipos. Tais Arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Eles se parecem um pouco com leitos de rio secos, cuja forma determina as características do rio, porém desde que a água começa a fluir por eles. Particularmente comparo os Arquétipos à porta de uma geladeira nova; existem formas sem conteúdo - em cima formas arredondadas (você pode colocar ovos, se quiser ou tiver ovos), mais abaixo existe a forma sem conteúdo para colocar refrigerantes, manteiga, queijo, etc., mas isso só acontecerá se a vida ou o meio onde você existir lhe oferecer tais produtos. De qualquer maneira as formas existem antecipadamente ao conteúdo. Arquetipicamente existe a forma para colocar Deus, mas isso depende das circunstâncias existenciais, culturais e pessoais[10].

 

Jung também chama os Arquétipos de imagens primordiais, porque eles correspondem freqüentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. Os mesmos temas podem ser encontrados em sonhos e fantasias de muitos indivíduos. De acordo com Jung, os Arquétipos, como elementos estruturais e formadores do inconsciente, dão origem tanto às fantasias individuais quanto às mitologias de um povo.

 O termo Arquétipo freqüentemente é mal compreendido, julgando-se que expressa imagens ou motivos mitológicos definidos. Mas estas imagens ou motivos mitológicos são apenas representações conscientes do Arquétipo. O Arquétipo é uma tendência a formar tais representações que podem variar em detalhes, de povo a povo, de pessoa a pessoa, sem perder sua configuração original.

Uma extensa variedade de símbolos pode ser associada a um Arquétipo. Por exemplo, o Arquétipo materno compreende não somente a mãe real de cada indivíduo, mas também todas as figuras de mãe, figuras nutridoras. Isto inclui mulheres em geral, imagens míticas de mulheres (tais como Vênus, Virgem Maria, mãe Natureza) e símbolos de apoio e nutrição, tais como a Igreja e o Paraíso. O Arquétipo materno inclui aspectos positivos e negativos, como a mãe ameaçadora, dominadora ou sufocadora. Na Idade Média, por exemplo, este aspecto do Arquétipo estava cristalizado na imagem da velha bruxa.

Jung escreveu que cada uma das principais estruturas da personalidade seriam Arquétipos, incluindo o Ego, a Persona, a Sombra, a Anima (nos homens), o Animus (nas mulheres) e o Self.

 De acordo com Jung, o inconsciente se expressa primariamente através de símbolos. Embora nenhum símbolo concreto possa representar de forma plena um Arquétipo (que é uma forma sem conteúdo específico), quanto mais um símbolo se harmonizar com o material inconsciente organizado ao redor de um Arquétipo, mais ele evocará uma resposta intensa e emocionalmente carregada.

Jung se interessa nos símbolos naturais, que são produções espontâneas da psique individual, mais do que em imagens ou esquemas deliberada-mente criados por um artista. Além dos símbolos encontrados em sonhos ou fantasias de um indivíduo, há também símbolos coletivos importantes, que são geralmente imagens religiosas, tais como a cruz, a estrela de seis pontas de David e a roda da vida budista

Aquilo a que nós chamamos de símbolo pode ser um termo, um nome ou até uma imagem familiar na vida diária, embora possua conotações específicas além de seu significado convencional e óbvio. Assim, uma palavra ou uma imagem é simbólica quando implica alguma coisa além de seu significado manifesto e imediato. Esta palavra ou esta imagem tem um aspecto inconsciente mais amplo que não é nunca precisamente definido ou plenamente explicado.

Segundo Jung, todo indivíduo possui uma tendência para a Individuação ou auto desenvolvimento. Individuação significa tornar-se um ser único, homogêneo. na medida em que por individualidade entendemos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significando também que nos tornamos o nosso próprio si mesmo. Pode-se traduzir Individuação como tornar-se si mesmo, ou realização do si mesmo.

Individuação é a meta a ser atingida na terapia Jungana, a individuação é um processo de desenvolvimento da totalidade e, portanto, de movimento em direção a uma maior liberdade. Isto inclui o desenvolvimento do eixo Ego-Self, além da integração de várias partes da psique: Ego, Persona, Sombra, Anima ou Animus e outros Arquétipos inconscientes. Quando tornam-se individuados, esses Arquétipos expressam-se de maneiras mais sutis e complexas.
Quanto mais conscientes nos tornamos de nós mesmos através do auto conhecimento, tanto mais se reduzirá a camada do inconsciente pessoal que recobre o inconsciente coletivo. Desta forma, sai emergindo uma consciência livre do mundo mesquinho, suscetível e pessoal do Eu, aberta para a livre participação de um mundo mais amplo de interesses objetivos. 

 

3.4 Wilhelm Reich

 

  W. Reich  na década de 30, por meio do livro Análise do caráter (1933), ele trouxe uma inestimável contribuição para o entendimento de que uma análise poderiam e deveria, ir muito além da finalização de um sintomas, ele mostrou que ela também deveria visar a mudanças na “armadura caracterológica resistencial” de que todo paciente é portador, em alguma forma e grau. 

Seu artigo sobre o caráter masoquista, publicado em 1932, foi a causa principal do seu rompimento com Freud. Nesse artigo, Reich punha em dúvida a existência de um instinto de morte e negava que o masoquismo fosse sua manifestação  direta. Reich reivindicou a função da sexualidade não como uma mera realização do coito, mas como a fusão com o outro. A vivência plena do amor e da sexualidade era vista por ele como fator indispensável para a satisfação emocional.

A sua mais importante contribuição, que revolucionou toda a Psicologia, foi provar que a neurose é produzida socialmente, instalando-se em todo o corpo e não apenas na mente das pessoas. O conceito de couraça neuro-muscular do caráter mostra como a neurose se manifesta através da estagnação da energia vital. No livro "A Função do Orgasmo", Reich coloca que o orgasmo sexual pleno e satisfatório é o regulador biológico da harmonia vital. Ele despertou a atenção para o fato de que as neuroses eram provocadas pelo desvio da originalidade das pessoas através de bloqueios à sexualidade e à afetividade, portanto um fenômeno sócio-político. A partir daí, passou a dar   enfoque  centrado no indivíduo, seu corpo e suas relações sociais. 

O conceito de caráter já havia sido discutido anteriormente por Freud, em sua obra Caráter e Erotismo Anal. Reich elaborou este conceito e foi o primeiro analista a tratar pacientes pela interpretação física.

De acordo com Reich:

O caráter é composto das atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações. Inclui atitudes e valores conscientes, estilo de comportamento (timidez, agressividade e assim por diante) e atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo)ação da natureza e função de seu caráter, ao invés de analisar seus sintomas[11].

 

 O conceito de couraça caracterológica de Reich inclui a soma total de todas as forças defensivas repressoras organizadas de forma mais ou menos coerente dentro do próprio ego. Para ele, o desenvolvimento de um traço neurótico de caráter indicaria a expressão de um problema reprimido ou, por outro lado, ele torna o processo de repressão desnecessário ou transforma a repressão numa formação relativamente rígida  e aceita pelo ego.

Assim pensando, Reich afirma que:

Os traços de caráter neuróticos não são a mesma coisa que sintomas neuróticos. A diferença entre esses traços neuróticos e os sintomas neuróticos repousa no fato de que sintomas neuróticos, tais como os medos, fobias, etc., são experienciados como estranhos ao indivíduo, como elementos exteriores à psique, enquanto que traços de caráter neuróticos (ordem excessiva ou timidez ansiosa, por exemplo) são experimentados como partes integrantes da personalidade[12].

 

Reich se esforçou continuamente para tornar seus pacientes mais conscientes de seus traços neuróticos de caráter. Ele imitava com freqüência suas características, gestos ou posturas, ou fazia com que seus pacientes repetissem ou exagerassem uma faceta habitual do comportamento, por exemplo, um sorriso nervoso. À medida que os pacientes cessavam de tomar como certa sua constituição de caráter, aumentava sua motivação para mudar.

Neste processo ele descobriu que cada atitude de caráter tem uma atitude física correspondente e que o caráter do indivíduo é expresso corporalmente sob a forma de rigidez muscular ou couraça muscular. Reich começou a trabalhar, então, no relaxamento da couraça muscular. Ele descobriu que a perda da couraça muscular libertava energia libidinal e auxiliava o processo de psicanálise.

Reich começou, primeiramente, com a aplicação de técnicas de análise de caráter e das atitudes físicas. Ele analisava em detalhes a postura de seus pacientes e seus hábitos físicos a fim de conscientizá-los de como reprimiam sentimentos vitais em diferentes partes do corpo. Fazia os pacientes intensificarem uma tensão particular a fim de tornarem-se mais conscientes dela e de aliviar a emoção que havia sido presa naquela parte do corpo. Ele descobriu que só depois que a emoção assim "engarrafada" fosse expressa, é que a tensão crônica poderia ser aliviada por completo.

Reich começou a trabalhar diretamente com suas mãos sobre os músculos tensos a fim de soltar ás emoções presas a eles.

 Reich definiu crescimento como o processo de dissolução da nossa couraça psicológica e física, tornando-nos, gradualmente, seres humanos mais livres, abertos e capazes de gozar um orgasmo pleno e satisfatório.

 A terapia reichiana consiste em dissolver cada segmento da couraça, começando pelos olhos e terminando na pelves. Cada segmento é uma unidade mais ou menos independente com a qual se precisa lidar separadamente.

Três instrumentos principais são usados para dissolver a couraça:
1) Armazenamento de energia no corpo por meio de respiração profunda;
2) Ataque direto dos músculos cronicamente tensos (por meio de pressão, beliscões e assim por    diante) a fim de soltá-los;

3) Manutenção da cooperação do paciente lidando abertamente com quaisquer resistências ou  restrições que surjam.

 Nos seus últimos anos, Reich desviou-se quase totalmente dos seus princípios essenciais da psicanálise e dedicou-se a propor uma teoria baseada na “organoterapia”, a qual não encontrou ressonância no meio analítico.

 

3.5 Wilfred Ruprecht Bion

Teoria do Pensamento:

 

As experiências com grupos despertaram em Bion o seu interesse por analisar psicóticos, e no curso dessas análises ele ficou fortemente mobilizado para se aprofundar nos problemas da linguagem e nos da “origem e função dos pensamentos”

A teoria do pensamento de Bion tem como ponto de partida a frustração das necessidades básicas que são impostas ao lactante, assim como em Freud e Melanie Klein, mas para ele o essencial é a maior ou menor capacidade do ego poder tolerar o ódio resultante dessas frustrações. (Da mesma forma. ele considera ser fundamental, quando se trata do processo psicanalítico, se vai haver uma fuga em relação à frustração, eu urna modificação desta.)

Bion introduz a noção de que é necessário estabelecer uma diferença que há entre “pensamento’ como substantivo, adjetivo e a  função de pensar  como verbo.

Para tanto, ele estabeleceu uma distinção entre “elementos” do pensamento (elementos alfa e elementos beta, preconcepções, oníricos. etc...) e os pensamentos propriamente ditos. Daí surge a hipótese de que: “O pensar é um desenvolvimento forçado sobre o psiquismo, pela pressão dos elementos dos pensamentos, e não o contrário”

Bion fala de “realizações”, as quais consistem em experiências emocionais resultantes de frustrações da onipotência do lactante e que, por isso, ele precisa se voltar ao mundo real (daí real-ização), sendo que elas podem ser positivas ou negativas.

Na “realização positiva” há uma confirmação de que o objeto necessitado está realmente presente - atende às suas necessidades.

Na “realização negativa”, o lactante não encontra um seio disponível para a satisfação e essa ausêucia é vivenciada como a “presença de um seio ausente e mau” dentro dele.

Aliás para Bion “todo objeto necessitado, em princípio, é sentido corno sendo mau porque se ele o necessita é porque não tem posse dele, logo, esses objetos são maus porque sua privação provoca muito sofrimento[13].

Se a inata capacidade para tolerar as frustrações for suficiente, a experiência do “não seio” torna-se um elemento do pensamento. No entanto, se a capacidade para tolerar a frustração for insuficiente, o “não seio” (mau), como assim foi internalizado, deve ser evadido e expulso, o que é feito através de um excessivo emprego do mecanismo de identificações projetivas e de uma hipertrofia da onipotência.

Como se vê, as experiências de “realização negativa” são inerentes e indispensáveis na vida humana, e elas podem seguir dois modos de desenvolvimento: Se o ódio resultante da frustração não for excessivo à capacidade do ego em suporta-lo, o resultado será uma sadia formação do pensamento, o que Bion denomina de “função alfa”, a qual integra as sensações provindas dos órgãos dos sentidos com as respectivas emoções.

Caso contrário, se o ódio for excessivo, os protopensamentos que se formam (denominados por Bion como “elementos beta”), não se prestam para a função de serem pensados, portanto eles são abrumadores, indevidos, que precisam ser imediatamente aliviados, portanto descarregados, o que é feito através de uma agitação motora, ou pela via de somatizações, mas sempre com um exagerado uso expulsivo de identificações projetivas.

Os elementos beta são, pois, protopensamentos, ou seja, são experiências sensoriais e emocionais muito primitivas e que adquirem urna natureza de “coisas em si mesmo”, concretas, porquanto não puderam ser pensadas até um nível de conceituação ou de abstração, como é o destino dos elementos alfa

É necessário frisar que, para Bion, “não há evidência alguma para acreditar que os elenientos alfa e beta existam, a não ser por uma espécie de metafora tal como chama-los de átomos psicológicos ou elétrons psicológicos [14].

Em decorrência do bombardeio das identificações projetivas, Bion intuiu que deveria haver um “continente” para poder conte-las e, a partir daí. surge a noção de “função continente” da mãe real.

Assim, a capacidade de tolerância que o bebê tem em relação às frustrações tanto depende de suas inatas demandas pulsíonais excessivas como também são indissociados e constituem o modelo de Bion de “continente/contido”

Para a formação e utilização dos pensamentos, são necessárias as interações dinâmicas desse modelo (continente-contido). Se os pensamentos serão utilizados como forma integrativa e estruturante, ou de forma desintegrativa do ego , vai depender basicamente da capacidade de tolerância às frustracão como também da capacidade em suportar as depressões.

Unicamente através da elaboração com êxito dessas fases, é que os pensamentos vão sofrendo sucessivas modificações progressivas, passando pelas oníricas, as pré-concepções, as concepções, o conceito, o sistema dedutivo científico, até atingir o alto grau abstrativa do cálculo algébrico.

Da mesma forma este êxito possibilita a formação de símbolos, os quais substituem e representam todas as perdas inevitáveis no curso do desenvolvimento, sendo que é a formação de simbolos que permite a capacidade de generalização, de abstração e de criatividade.

Com o fim de reduzir ao máximo o número de teorias para explicar os fenômenos psíquicos, ele propôs o conceito: “função” (que assim como em matemática é composta de fatores).

A função alfa é a primeira que predominantemente existe no aparelho psíquico, e é ela quem, se for bem sucedida vai transformar as impressões sensoriais (visão, audição, etc.) e as primeiras experiências emocionais (prazer, dor) em elementos alfa.

Caso contrário, essas mesmas sensações e emoções permanecerão como estavam em seu estado nascente bruto e constituem os elementos beta.

Os elementos alfa proliferam e se aderem entre si formando um conjunto, que Bion denomina como “barreira de contato”, a qual, a moda de uma membrana osmótica semipermeável, exerce as importantes funções de demarcar tanto um contato como também a separação e o intercâmbio entre o consciente e o inconsciente; e o mesmo entre o mundo real externo e o interno, impedindo que cada um invada o outro. Assim a “barreira de contato” também propicia a capacidade de o indivíduo estar dormindo ou acordado e de ter a noção do presente discriminado do passado e do futuro.

Os elementos beta, por sua vez se proliferam e, sob a forma de aglomeração (sem integração e vinculação entre si), constituem o que Bion propôs chamar de “pantalha” (ou tela) beta, a qual, ao contrário da “barreira de contato”, não possibilita uma diferença entre o consciente e o inconsciente, entre a fantasia e a realidade.

Nos pacientes psicóticos, prevalece a formação de uma “pantalba beta”e não de uma “barreira de contato”, e da mesma forma há urna prevalência da posição esquizo-paranóide sobre a posição depressiva, isso determina que não se processe a capacidade de formação de símbolos, implicando na incapacidade de conceituar, generalizar, abstrair e nem discriminar; pelo contrário, os pensamentos adquirem urna materialização concreta, corno se fossem coisas que podem causar danos reais e que precisam ser expulsas para fora. Assim esses protopensarnentos, seguindo o mesmo destino das coisas materiais, só podem ser aglomerados, prensados, dilacerados, expulsos, etc.

Alem disso forma-se urna hinertrofia do aparelho psíquico que processa as identificações projetivas, ao mesmo tempo em que o pensamento adquire uma onipotência e um caráter mágico sincrético (pois estes pacientes não conseguem atingir uma síntese, uma vez que estão estacionados na síncrese), pelo qual coisas parecidas ficam sendo significadas como se fossem iguais.

O “pensamento vazio”, que predomina nos psicóticos, alude ao fato de que os protopensamentos não adquirem um significado, uma simbolizacão, um sentido, e muito menos um nome; ele está vazio, e por isso mesmo, nas situações de angustia ele vem acompanhado de um estado psiquico que Bion denomina como “terror sem nome

Além disso, nos esquizofrênicos, a aglomeração e superposição dos “elementos beta” costuma gerar a conhecida fala do tipo “salada de palavras”.

 Bion postula a possibilidade que ele denomina de “reversão (ou inversão) da função alfa”, que é quando a “função alfa” já teve início, mas enfrenta tal dor psíquica que ela recua e produz elementos beta, os quais são diferentes dos elementos beta originais, pois guardam vestígios do superego e do ego e por isso estão mais relacionados com o conceito de “objetos bizarros”.

 Clinicamente, os elementos beta, resultantes da “reversão da função alfa”, seguem três destinos: ou descarregam dentro do corpo como somatizações ou nos sintomas das crianças hiperativas: ou pelos orgão  dos sentidos, sob forma de alucinações; ou pela ação (actings), ou conversas sem sentido.

Contra a opinião corrente de que o pensar é que produz o pensamento, Bion considerava que os pensamentos (isto é. os protopensamenros) é que são anteriores à capacidade de pensar.

Bion tentou criar um modelo que, a exemplo dos músicos, permitisse aos psicanalistas fazer a notacão gráfica dos elementos de psicanálise. Para tanto, ele propôs a “Grade”, que consiste em um sistema cartesiano composto por dois eixos: um Vertical, com seis fileiras, denominado genético (que permite a anotação da evolução seqüencial do pensamento, desde os protopensamentos até os da mais alta abstração científica):  o eixo Horizontal composto por oito colunas, que possibilitam o reconhecimento e a notação de corno é a utilização dos distintos níveis do pensamento.

 

Teoria do conhecimento:

 

Para Biou, assim como para Freud e Melanie Klein, “a criança nasce com uma “pulsão de saber”, conhecer (curiosidade inata) [15].

A função de conhecer é uma atividade pela qual o indivíduo chega a ficar consciente da experiência emocional, e de lá tira uma aprendizagem. Conhecer os outros e os seus vínculos, grupos entre si e deles com a sociedade.

Para Bion há um terceiro vínculo emocional, além do amor e do ódio, que é o desejo da mãe em compreender seu bebê. Em suma, a capacidade de “Rêverie” da mãe é um componente da função alfa dela (ou do anatista), que permite a condição dela estar captando o que se passa com seu filho (analisando), não tanto através da atenção provinda dos órgãos dos sentidos, mas também principalmente pela sua intuição, de modo que uma menor concentração no sensório possibilita um maior afloramento da sensibilidade, alem da capacidade de “colher” as identificações projetivas da criança, independentemente delas serem percebidas como sendo boas ou más.

Nesse caso ela desenvolve a função K (função de conhecer) que possibilita enfrentar novos desafios em um círculo benéfico de aprender com as experiências à medida que introjeta a função K da mãe.

Em caso contrário, se a capacidade de “rêverie” da mãe para conter a angústia da criança for insuficiente,as projeções que ela tenta projetar na mãe são obrigadas a retornar à criança sob forma de um “terror sem nome”, o qual gera mais angustia e mais ódio, que não consegue ser depositado em um continente acolhedor e assim retorna à própria criança estabelecendo um circulo vicioso.

A criança tanto pode fugir das frustrações, criando mecanismos que evitem conhece-las, ou seia. evitar a dor das verdades intoleráveis, ou para não enfrentar o medo do desconhecido, ou para não transgredir proibições (ela evita o problema mas não a angustia)

Para Bion:

O psicanalista deve se preocupar tanto com o plano inconsciente como com o plano consciente. A análise do consciente se refere às funções e disfunções do ego, de modo que, indo muito além do objetivo da resolução dos conflitos pulsionais a principal meta da análise passa a ser a do crescimento mental Bion da igual importância entre realidade interna e realidade externa[16].

 

Dessa forma, o crescimento mental vai muito além do alívio de uma dor de angústia, da remoção de sintomas, ou de união satisfatória adaptação sócio- profissional, pelo contrário, ao invés de um “fechamento” tranqüiizador e estabilizador. Bion propôs que o analisando deve desenvolver capacidades que extrapolem a dimensão unicamente sensorial e pragmática.

Que a análise propicie novas e progressivas aberturas, em um processo interminável.

 

Resistências e Contra-resistências:

 

Embora Bion reconheça o caráter obstrutivo e maligno que as resistências representam para a evolução de um tratamento psicanaiitico, para ele as resistências reproduzem a estrutura caracterológica do ego, sendo um indicador fiel de como esse paciente se defende e se comporta na sua vida real.

A estagnação da análise é uma das formas mais sérias e esterelizantes de uma análise.

 

- Bion considerou: Nenhum indivíduo, por mais isolado que seja, pode existir fora de um grupo.

- 1. Grupos de Trabalho : (consciente)

- 2.Grupos de Base: (inconsciente) A.: dependência

- B: luta e fuga

- C: acasalamento ou pareamento

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4. Integratividade 

 

Muitas vezes me perguntaram qual era meu método psicoterapêutico ou analítico; não posso oferecer uma resposta unívoca. Cada caso exige uma terapia diferente. Quando um médico me diz que “obedece” estritamente a este ou àquele  “método”, duvido de seus  resultados psicoterapêuticos.[...] As psicoterapias e as análises são tão diversas quanto os indivíduos. Trato cada doente tão individualmente quanto possível, pois a solução do problema é sempre pessoal.[...]Uma solução falsa para mim pode ser justamente a verdadeira para outra pessoa.[...] Cada doente exige o emprego de uma linguagem diversa. Assim, numa análise, posso falar uma linguagem adleriana, em outra, uma linguagem freudiana[17].     

 

Nas palavras de Zumerman:

Em épocas passadas, os analistas ficavam  presos em uma única escola psicanalítica e buscavam precipitadamente aquilo que dividia os autores da psicanálise; na atualidade muitos cometem um exagero oposto, buscando unicamente aquilo que os reúne e unifica. No primeiro caso, corremos o risco de cair num extremo de um teoricismo ou de um excessivo pragmatismo, enquanto a posição extremada de uma sistemática busca de unificação pode representar o risco de um ecletismo empobrecedor.  Ainda persistem entre os seguidores das distintas correntes psicanalíticas um endurecimento teorico, e que em  cada uma delas  exista busca  de declarar-se como a representante da “verdadeira psicanálise” e  uma luta por excluir as demais, a nítida tendência atual consiste em evitar as posições polarizadas, promover uma formação  pluralista de cada analista praticante e aproveitar as vantagens de pensarmos analiticamente a partir de uma multiplicidade e diversidade de vértices, muitas vezes convergentes, outras vezes divergentes e até contraditórias, porém, até um certo ponto possíveis de serem integradas e reversíveis entre si[18].

 

Segundo Messer e Wachtel, “o ideal da verdade, dos princípios gerais e leis sobre a natureza humana é rejeitado em nome da legitimidade do pluralismo. Isto significa que diferentes teorias podem ser consideradas verdadeiras e respeitadas em seu convívio” [19].

 

Garfield et. al. Citado por Ajkwitz ressalta que:

O número de abordagens psicoterápicas vem crescendo bastante nos últimos anos. Esta diversidade pode nos sugerir um campo de elementos incomunicáveis entre si. No entanto, existe uma contradição no interior deste campo, pois de um lado temos sociedades, institutos, centros e revistas relacionados à uma abordagem psicoterápica particular, e de outro a maioria dos terapeutas não se identificam como aderindo a uma abordagem particular, mas referem-se a si mesmos como ecléticos ou integrativos[20].

 

Jung completa que “Inclusive é indiferente qual técnica emprega; o importante não é a técnica mas a pessoa que usa determinado método” [21].

Para Arkowitz:

A integração em psicoterapia significa um esforço para olhar além das fronteiras que demarcam as diferentes abordagens na tentativa de observar o que pode ser aprendido de outras perspectivas. Diferente do ecletismo que pode ser usado para denotar uma abordagem essencialmente pragmática, na qual o terapeuta utiliza qualquer técnica que acredita ser eficaz, com pouca ou nenhuma compreensão téorica que guia sua escolha[22].

 

Se conduzida apenas por um raciocínio linear e causal, a integração das abordagens psicológicas corre o risco de produzir sínteses reducionistas que ao invés de favorecerem o enriquecimento teórico e o permanente diálogo, concorrerão para a construção de meta discursos. Pensamos que esta tentativa de integrar diferentes abordagens pode ser fecunda desde que apóiada numa racionalidade complexa, guiada pelo reconhecimento da complementariedade existente nestas diferenças, mas também pelo reconhecimento dos limites de cada proposta.

Segundo Arkowitz:

A abordagem dos fatores comuns busca os ingredientes básicos compartilhados por diferentes psicoterapias, os quais podem representar aspectos teóricos ou práticos. Um pressuposto fundamental desta abordagem é a visão de que todas as psicoterapias são igualmente efetivas, ponto de vista corroborado nos resultados de diversas pesquisas como as de Beckham, de Elkin e cols., e de Lambert, entre outros[23]

 

Arkowitz ressalta que uma das produções mais antigas sobre fatores comuns remonta ao artigo de Rosenzweig, de 1936. Nele, o autor pontuava alguns fatores que ele acreditava serem importantes para a eficácia de diferentes psicoterapias. “Dentre estes fatores estão: habilidade do terapeuta para inspirar confiança e a importância de prover o paciente com visões alternativas e mais razoáveis acerca do eu e do mundo”[24].

O autor também avalia que de uma forma indireta, Carl Rogers contribuiu para o tema dos fatores comuns, ao propor que a terapia era efetiva não em função de técnicas específicas, mas em decorrência de um tipo particular de relacionamento humano, no qual a mudança poderia ocorrer.

Em 1980, foram publicados dois artigos muito importantes para a abordagem dos fatores comuns. Em um estudo de Brady e cols. citado por Arkowitz, “terapeutas de uma variedade de orientações responderam a uma série de questões acerca dos ingredientes eficazes em psicoterapia. Houve um consenso em torno de que prover o paciente com novas experiências, dentro e fora da terapia, era um ingrediente central para todas as psicoterapias analíticas[25]”.

Toda intervenção feita pelo analista tem em vista produzir efeitos no analisando; esta é a sua razão de ser. Partindo da premissa de que o sujeito que chega ou está em análise apresenta algum tipo de sofrimento, podemos dizer que, de modo geral, as intervenções do analista visam alterar esse quadro, por outras palavras, visam produzir mudanças no paciente. Na própria obra de Freud nos deparamos com essa temática: “pois uma psicanálise não é uma investigação científica imparcial, mas uma medida terapêutica. Sua essência não é provar nada, mas simplesmente alterar alguma coisa[26].

Portanto, a interpretação psicanalítica não visa apenas uma busca infinita de um sentido último, mas uma transformação do sujeito de forma que ele deixe de sofrer. É quanto a esse objetivo que se torna possível dizer que a interpretação psicanalítica não se configura como uma pura hermenêutica (que de maneira simples pode ser definida como uma tentativa de esgotar as possibilidades de sentido de algo através de interpretações). Isso fica claro quando Freud diz que a interpretação de sonhos não deve ser perseguida no tratamento analítico como arte pela arte, mas que seu manejo deve submeter-se àquelas regras técnicas que orientam a direção do tratamento como um todo[27].

Um artigo de James Strachey -The Nature of the Therapeutic Action of Psychoanalysis 1933 se tornou clássico em psicanálise justamente por marcar a especificidade da interpretação. Resaltando assim a interpretação psicanalítica como sendo sua potência em provocar mudanças – interpretação mutativa[28].

O  interesse neste artigo em especial se deve à grande ênfase dada ao trabalho de interpretação como sendo o instrumento da mudança.
Como sugere o artigo, a ação terapêutica da psicanálise se dá pela interpretação.
Mas como definir a ação que a interpretação realiza?

A interpretação provoca o Insight, a visão única e particular de cada um sobre sua própria vida e o entendimento da sua dor.

A função de  provocar ou induzir o entendimento no paciente seria impossível a não ser pela interpretação das vivencias, comportamentos e pensamentos do paciente.

Por tanto a capacidade interpretativa do psicanalista é a sua ferramenta,  esta é capaz de provocar o desejado (pelo paciente) efeito de mudar aquilo que faz o sujeito sofrer.

Quanto maior for a integratividade do terapeuta, ou seja, seus conhecimentos teóricos, suas experiências vivenciais e clinicas, maior será a possibilidade de ser entendido e crido ou seja provocar o Insight.

Entendimento sem crença é informação que não gera ação.

Não fazemos tudo que sabemos, fazemos aquilo que sabemos e cremos, este é motivo de termos conhecimento de varias coisas que não fazem parte de nossas ações.

Só ouvir a interpretação do analista não é de maneira nenhuma motivo suficiente para provocar a mudança necessária. É preciso crer, fazer sentido na alma, ou seja,  o paciente consegue explicar seus sentimentos , repetições de comportamentos, etc.

Para tento é o preparo do analista em falar todas as linguagens ou pelo menos mais de uma  que aumenta consideravelmente a possibilidade de haver comunicação fértil ente o par analítico, as possibilidades de entendimento e crença aumentam na proporção que a comunicação perde os ruídos naturais da resistência.

Ter habilidade de usar mais de uma técnica não faz do terapeuta um melhor interprete, sim um melhor  comunicador, pois será capas de adaptar sua fala a capacidade de  entendimento do interlocutor.

Todos os precursores das técnicas e Escolas se integraram de alguma maneira com outros pesquisadores e estudiosos da Psicanálise desenvolvida por Freud, acrescendo e modificando  pontos e hipóteses.

A psicanálise por sua vez  se integra com outras especialidades como a medicina o direito, a pedagogia e tantas outras, compondo as equipes multidiciplinares, a fim de maximizar  os resultados objetivados.

  Freud utiliza-se da tecnicas de hipnose  de  Jean-Martin Charcot  para desenvolver a sua própria técnica a livre associação, abandona a hipnose, mais  as suas bases teóricas  serviram de apoio para o desenvolvimento da psicanálise. De certa maneira durante algum tempo houve a integratividade entre as duas técnicas.Freud dominava a técnica da hipnose e poderia utiliza-la a qualquer momento que julga-se oportuno.

Dentre os colaboradores imediatos de Freud aconteceram dissidências as mais importantes foram as de Adler, em 1910, e especialmente a de Jung, que abandonou o grupo psicanalítico freudiano em 1913, Ferenczi em seguida, e mais tarde Reich, estes eram  estudiosos do comportamento humano em busca de novas técnicas para entender e aliviar o sofrimento do sujeito. Todos os destacados até certo ponto divergiram das técnicas  recomendadas por Freud. Foram todos estes integrativos pois seguidores de Freud, adotaram novas técnicas em parceria com as  já conhecida. 

 Lacan em sua caminhada evolutiva genial,  afirma que os pós-freudianos haviam se desviado de base, propõe um retorno a Freud. Para isso, utiliza-se da lingüística  de Saussure (e posteriormente de Jakobson e Beneveniste ) e da antropologia estrutural de Lévi-Strauss. Desta forma desenvolve sua técnica integrando outras, dando uma nova visão a base analítica Freudiana.

Jung entra em contato com a psicanalise e Freud  viu nele um companheiro para desbravar os caminhos da mente. Enviou-lhe copias de seus trabalhos sobre a existência do inconsciente, confirmando concepções freudianas de recalque e repressão. Ambos interessaram-se  um pelo  outro, principalmente porque os dois desenvolviam trabalhos inéditos em medicina e psiquiatria.

A partir de então Freud e Jung passaram a se corresponder  Depois deste encontro estabeleceram uma amizade de aproximadamente sete anos, durante a qual trocavam informações sobre seus sonhos, análises, trocavam confidências, discutiam casos clínicos. Desta maneira é inegável dizer que um influenciou na obra do outro.

Porém, tamanha identidade de pensamentos e amizade não conseguia esconder algumas diferenças fundamentais. Jung jamais conseguiu aceitar a insistência de Freud de que as causas dos conflitos psíquicos sempre envolveriam algum traumas de natureza sexual, e Freud não admitia o interesse de Jung pelos fenômenos espirituais como fontes válidas de estudo em si. O rompimento entre eles foi inevitável.

Seguindo o seu treino prático na clínica freudiana, Jung conduziu seus estudos com a associação de palavras. Porem Jung propunha uma atitude humanista frente aos pacientes. O analista deveria "propor perguntas que digam respeito ao homem em sua totalidade e não se limitar apenas aos sintomas". Desde cedo ele já adiantava a idéia do que hoje  ganha força em todos os campos com o nome de  Holismo, o ponto de vista do homem integral.

Podemos dizer que Jung até certo ponto integrou técnicas como mandalas, tarô  e religião a técnica associativa de Freud, e assim desenvolveu seu próprio método operante.

 

Bion

 

Formado   em medicina, despertou seu interesse   na psicanálise pois associava  o entendimento com a cura. Submeteu-se então a um treinamento em análise supervisionado pela psicanalista Melanie Klein pioneira no estudo da relação mãe e filho na idade de latente, este treinamento e formação Kleiniano deu origem ao pensamento e o desenvolvimento de Bion.

Melanie Klein não era simpática ao seu trabalho com grupos, na sua opinião ele estava em contradição com o trabalho analítico. Ela suspeitava de algumas de suas teorias psicanalíticas, embora posteriormente reconhecesse finalmente sua validade.

Bion, por seu lado, não considerava o trabalho com grupos como divorciado totalmente daquele da análise, ele acreditava na função da mãe real e na sua influencia nos processos psiquicos da bebe, idéia não aceita por Klein.

Divergências técnicas e operacionais foram estabelecidas a partir da interação entre eles, Bion como todos os outros utilizou-se de técnicas variadas,  formas de interpretação diferentes da proposta pela sua formação acadêmica para desenvolver sua própria forma de análise, conquistando uma posição inconteste ao lado de grandes nomes da psicanálise. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CONCLUSÃO

 

[...] Todo psicoterapeuta não só tem o seu método: ele próprio é esse método. “Ars totum requirit hominem” diz um velho mestre. O grande fator de cura, na psicoterapia é a personalidade do médico – esta não é dada “a priori”; conquista-se com muito esforço, mas não  é um esquema doutrinário. As teorias são inevitáveis, mas não passam de meios auxiliares[29].

   

  Integratividade como vimos é realmente um atributo do terapeuta em prol do sucesso do trabalho analítico.

O cliente ao chegar no consultório em busca de alivio de seu sintoma demonstra suas fragilidades, e tem dificuldade de usar as palavras para explicar sua dor, não consegue recordar  sua própria história e por vezes o silêncio da defesa se instaura, promovendo angústia e decepção no par analítico.Podemos compor com este paciente e aguardar a quebra deste silêncio, que é uma fala em si, podemos também facilitar sua fala.

Para algumas pessoas a livre associação puramente freudiana é algo  sofrido, falar simplesmente por dizer, lhes parece impossível. Para determinados pacientes o medo de dizer algo que entre no campo do que lhes parece "errado" ou que não seja do agrado do terapeuta, transforma a sessão terapêutica em um espaço de sofrimento, as palavras não fluem,  o silêncio ou as palavras forçadas por um raciocínio lógico na busca de agradar e de ser aceito pelo terapeuta, mesmo sendo matéria para um bom trabalho analítico, na maioria das vezes é um grande entrave na continuidade do trabalho, portanto, gerador de desistências  e da grande maioria das faltas às sessões. "- Desculpe minha falta, não sabia o que dizer, por isso não vim...". Esta frase é muito comum nos consultórios após uma falta do paciente a sessão. Para o Terapeuta essa frase já é matéria de trabalho, porém o cliente não sabe disso, não raramente a quebra do contrato analítico se dá pela pseudo-impossibilidade, na visão do paciente, de falar aquilo que pensa, dispensando assim a intenção de agradar ou acertar ( demanda de amor).

Segundo minha visão a única coisa capaz de escravizar o ser humano é a visão do que consideramos "certo e errado". Regras e leis  são feitas pelo homem  para tentar equacionar o problema das diferenças na conceituação destes opostos,  certo  x  errado.

A tentativa de falar a coisa "certa" de "agradar", por vezes pode dificultar a livre associação gerando um mal estar e desânimo no paciente, é no quadro da procura de aceitação que surgem as mentiras. Ressalto que  o mal estar, desânimo e mentiras são matéria analíticas, porém na maioria das vezes o paciente desiste do trabalho antes mesmo de  que o analista possa reverter este quadro através da interpretação da matéria apresentada.

Cada caso é realmente um caso diferente,   cada paciente tem a sua forma de dizer sua dor,  a interpretação só pode acontecer se houver matéria a ser interpretada.

É afim de facilitar a apresentação desta matéria por parte do analisado que o analista por vezes pode escolher a técnica mais apropriada (dentre aquelas que ele domina)  ao estilo de falar e de entender do analisado.

Se o paciente tem dificuldade com associação livre, as histórias mitológicas , arquetípicas ,  os tipos caracteriológicos  podem ajudar muito a tentativa deste paciente em se enquadrar ou identificar em uma destas histórias pode facilitar muito a fala. Isso, gradativamente permite que para tentar se ver  introvertido ou extrovertido,  nas funções:  pensamento, sentimento, sensação e intuição  ele vá se recordando da própria história e lançando matéria cheia de conteúdo psicológico com mais facilidade.

Caso em que significado e significante  são muito eficazes no mundo do paciente, a palavra dita para trazer à luz o que está nas trevas do esquecimento ou da ignorância das metáforas e metonímias acaba por vezes tendo maior identificação com o paciente que encontra na interpretação do analista a identificação do imaginário e o encontro do real de suas experiências  vivenciais.

Porém, há pessoas que não gostam de falar e preferem o silêncio como expressão, estas podem encontrar guarida nos exercícios de bioenergética que promovem a quebra de sua couraça emocional. Trabalhar o físico inegavelmente provoca uma reação emocional que ao ser sentida pelo paciente ajuda a recordar a origem de sua dor mais facilmente  porque a couraça  pode ser vista  pelo paciente.  Com base nos exercícios o paciente pode entender e crer na interpretação analítica pois é ele próprio  que vê e sente a paralisia e ou apatia  no  vigor  físico em determinados movimentos do seu corpo.

A palavra livremente expressada durante o movimento ou a tentativa de explicar o sentimento ao fazer determinado exercício traz à luz o que jazia nas  trevas, a libertação deste movimento que quer dizer quebra da couraça  também libertará seu causador.

O paciente não recordar do passado pode ser um grande entrave para alguns analistas, porém o presente pode ser,   e é , apenas uma repetição de tendências, conceitos,  regras e crenças que nortearam nossa vida até o dia de hoje. A análise do presente é   um avanço da  psicanálise, que sem dúvida nenhuma nos remeterá a uma retórica pelas repetições de ações submetidas as mesmas regras .

Integratividade é isso, procurar aquilo que dentro do conhecimento técnico e ético propicie ao paciente ver o rumo que deseja dar a sua vida.

Sem dúvida nenhuma o terapeuta que se aperfeiçoar em seus estudos técnicos  (embasamento teórico, terapia pessoal e supervisão) e prática clínica estará  mais próximo do sucesso, não só do trabalho terapêutico, mas também da sobrevivência de sua clínica como empresa lucrativa e dinâmica. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

 

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[1] Novos sofrimentos psíquicos? D. Najmanovich, 1998.

[2] Ciência com consciência. E. MORIN, 1982.

[3] Psicologia de las masas y análisis del yo. Sigmund Freud, 1922.

[4] Psicologia de las masas y análisis del yo. Sigmund Freud, 1922.

[5] O Seminário. Livro 11: Os quatro conceitos fundamentais de psicanálise. Jacques Lacan, 1985. 

[6] O Seminário. Livro 11: Os quatro conceitos fundamentais de psicanálise. Jacques Lacan, 1985. 

[7] O Seminário. Livro 11: Os quatro conceitos fundamentais de psicanálise. Jacques Lacan, 1985. 

[8] O Seminário. Livro 11: Os quatro conceitos fundamentais de psicanálise. Jacques Lacan, 1985. 

[9] A Prática da Psicoterapia. Carl Jung, 1985.

[10] Memórias, Sonhos e Reflexões. Carl Jung. 1961.

 

[11] Análise do Caráter. W. Reich. 1995.

[12] Análise do Caráter. W. Reich. 1995.

[13] Da Teoria à Prática. Bion. Apud. Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica. David Zimerman., 1999,

[14] Da Teoria à Prática. Bion. Apud. Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica. David Zimerman., 1999,

[15] Da Teoria à Prática. Bion. Apud. Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica. David Zimerman., 1999,

[16] Da Teoria à Prática. Bion. Apud. Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica. David Zimerman., 1999,

[17] Memórias, Sonhos e Reflexões. Carl Jung. 1961.

 

[18] Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica. David Zimerman., 1999, p  41.

[19] Theories of psychotherapy: Origins and evolution. P. Watchel & S. Messer. 1997. 

[20] A history of psychotherapy integration. Goldfried & Newman, (1992). apud. Integrative theories of therapy. H. Arkowitz. 1997.

[21] Civilização em Transição  Carl Jung. 1993.

[22] Integrative theories of therapy. H. Arkowitz. 1997.

[23] Integrative theories of therapy. H. Arkowitz. 1997.

[24] Integrative theories of therapy. H. Arkowitz. 1997.

[25] Integrative theories of therapy. H. Arkowitz. 1997.

[26] A Questão da Análise Leiga-in Textos Essenciais da  Psicanálise I. Sigmund Freud. 1986. 

[27] A Questão da Análise Leiga-in Textos Essenciais da  Psicanálise I. Sigmund Freud. 1986. 

[28]    The Nature of the Therapeutic Action of Psychoanalysis. James Strachey, 1969. p.  275-291.

[29] A Prática da Psicoterapia. Carl Jung.1985.


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